terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um esclarecimento

Esclarecendo aos navegantes de primeira viagem, este blog havia sido criado para a matéria de Jornalismo Multimídia, do curso de Jornalismo da FACAMP. Por isso, quando passamos de ano, deixamos de atualizá-lo, mas o mantemos no ar, pois algumas reportagens são interessantes.

Uma das integrantes desse blog, então, deseja comunicá-lo, caros leitores, que está postando, atualmente, no seguinte endereço: http://resenhasculturais.blogspot.com/. Visitem ;)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O Investimento em Cultura

Da Redação
Cultura Multimídia

A cidade de São Paulo oferece inúmeros e variados eventos culturais. Desde exposições de autores renomados a espetáculos teatrais que ocorrem de dia e de noite durante toda a semana a preços, geralmente, bastante acessíveis. Apenas a capital paulista conta com 72 museus, 347 bibliotecas, 121 teatros e 75 casas de cultura e centros culturais. (1)

A exemplo de programações diversas e horários variados, São Paulo oferece à população o Centro Cultural São Paulo. As exposições, em sua maioria feitas por artistas alternativos - escolhidos através de uma seleção constituída por uma comissão designada pela Secretaria Municipal de Cultura - são gratuitas. As sessões de cinema e peças teatrais acontecem tanto de dia quanto de noite, tendo preços populares de 6 a 15 reais, atraindo em média 1500 pessoas por dia, segundo Cleusa Santos Martinelli, diretora administrativa.

O Centro Cultural também oferece uma extensa biblioteca - que, de início era o principal projeto da prefeitura e depois se tornou o que conhecemos hoje - que conta até mesmo com livros em braile. O local conta com uma grande área coberta, com um jardim e mesas de estudo, onde é possível escutar música, beber um café e ler algum livro. Por tudo isso, o espaço atrai diferentes classes da sociedade paulistana, desde estudantes que sentam para estudar a senhoras que vão apenas para tricotar e passar o dia, como disse Martinelli.

É de responsabilidade da prefeitura, mais especificamente do Departamento da Secretaria de Cultural do Município, a manutenção do local e de todas as cinco salas do espaço; e aparentemente faz o seu trabalho muito bem. As salas possuem nomes de grandes e renomados artistas brasileiros: Jardel Filho (324 lugares); Paulo Emílio (110 lugares); sala Lima Barreto, que apresenta sessões de cinema gratuitas (110 lugares); Ademar Guerra e Adoniran Barbosa (600 lugares), onde são apresentados os shows, entre eles o de Arnaldo Antunes, que será realizado neste domingo, 25 de novembro às 18h.

Importante ressaltar que o Centro Cultural São Paulo, além de todos esses incentivos a cultura, também realiza palestras, debates e um piso permanente destinado à mostra de objetos, fotografias, músicas e documentos de Mário de Andrade.

Um outro espaço muito interessante é o Museu da Língua Portuguesa, criado pela Secretaria da Cultura paulista em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, localizado na Estação da Luz, que constitui um dos mais importantes marcos históricos da cidade de São Paulo. A Estação foi inaugurada em 1901, com o objetivo de levar a produção de café do interior de São Paulo até o Porto de Santos; hoje, circulam 300.000 usuários dos trens urbanos da CPTM e do Metrô. (2)
O Museu tem um preço bem acessível e entrada gratuita aos sábados. O objetivo maior é fazer com que as pessoas se surpreendam e descubram aspectos da língua que falam, lêem e escrevem, bem como da cultura do país em que vivem, nos quais nunca haviam pensado antes.

O prédio possui três andares: o primeiro é o andar das exposições, que sempre traz nomes muito importantes para a história da língua portuguesa e da literatura, como Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Gilberto Freire; estas permanecem expostas por quase um ano. O segundo andar possui quatro ambientes - grande galeria, palavras cruzadas, história da língua e beco das palavras – onde os visitantes podem interagir com as palavras e descobrir suas origens. O terceiro e último andar, é onde ficam o auditório e a praça da língua, dois ambientes em que o público aguça a visão e a audição, ouvindo a declamação e vendo a projeção de poemas.

"Talvez essa seja a primeira vez no mundo em que se pretendeu dar um tratamento museológico à língua, tratando-a como uma obra de arte. Desejamos oferecer ao público a possibilidade de fruir sua língua, fazendo-o pensar nela como em uma invenção do homem." (3)

Por último, de renome internacional, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), inaugurado no dia 2 de outubro de 1947 por Assis Chateaubriand, é uma entidade cultural sem fins lucrativos, com investimento privado, que tem por finalidade incentivar e divulgar as artes de um modo geral, em especial as artes plásticas.
O visitante pode encontrar no edifício da Avenida Paulista, obras da escola italiana como Picasso (Retrato de Suzanne Bloch, 1904), Sandro Botticelli (Virgem com o menino e São João Batista criança, 1490-1500); além da arte da península ibérica, centro e norte da Europa como Van Gogh (Passeio ao crepúsculo, 1889-90); e arte francesa e escola de Paris.

O MASP foi criado para ser um museu dinâmico, com um perfil de centro cultural. Possui espaços diferenciados para a realização de exposições temporárias; essas exposições são bem variadas, nacionais e internacionais de arte contemporânea, fotografia, design e arquitetura (4).
A exposição fixa do museu, que se encontra no 2° andar, foi reaberta no dia 03 de outubro para mostrar, pela primeira vez, uma nova forma de ver seu grande acervo de obras: a divisão por temas no lugar da separação por períodos e regiões geopolíticas. As obras foram divididas em quatro temas: A arte do Mito, A natureza das coisas, Olhas e ser visto e Arte religiosa. Essa nova forma de organização do museu possibilita ao público observar obras de diferentes períodos e diferentes regiões, lado a lado.
A arte do Mito é a primeira das quatro exposições temáticas, possui 49 obras do século XIV até os dias de hoje; há obras de Renoir, Picasso e outros nomes. Segundo Roberto Carvalho de Magalhães, curador e professor de história da arte e museologia da Universidade Internacional de Arte de Florença, a coleção do MASP é de uma riqueza neste gênero (mito) que os demais museus do mundo reconhecem na forma dos insistentes pedidos de empréstimo. “São obras fáceis de compreender, aparentemente elas são figurativas, as coisas se reconhecem à primeira vista”. (5)
A natureza das coisas retrata paisagens e naturezas-mortas observadas em épocas distintas. Olhar e ser visto apresenta retratos e auto-retratos. A arte religiosa completa a renovação do 2° andar do MASP, com obras-primas da arte do século XIV à contemporaneidade. A nova divisão temática fica em cartaz no mínimo até outubro de 2008.

Desde 16 de agosto, uma seleção de cerca de 100 obras de um dos mais prestigiosos acervos corporativos de arte moderna e contemporânea chegou ao MASP e ficará em cartaz até 9 de dezembro. A coleção Daimler Chrysler, sediada em Berlim, reúne alguns dos ícones artísticos do século XX e permite traçar a trajetória dos mais importantes movimentos de artes plásticas nas últimas décadas.

Já o acervo do MASP dedicado a coleções, mostra a exposição Arte e Ousadia – o Brasil na Coleção Sattamini, que reúne 90 das principais peças do acervo do carioca João Sattamini, um dos principais colecionadores do país. É um panorama do melhor da produção brasileira da segunda metade do século XX.

Entre os três museus, o MASP possui preços dos ingressos menos acessíveis, R$ 15,00 (inteira) e R$ 7 (estudante); entretanto, a entrada é franca às terças-feiras e, todos os dias, para menores de 10 e maiores de 60 anos.

O Centro Cultural, o Museu da Língua e o MASP são apenas três exemplos da enorme diversidade cultural da cidade. Acontecem também os eventos periódicos, que atraem tanto turistas brasileiros quanto estrangeiros, entre eles: Mostra Internacional de Cinema, Bienal Internacional de Artes Plásticas, Orquestra Sinfônica do Estado e festivais de jazz, blues, dança, teatro e cinema.
Devido a essa grande quantidade de eventos e baixos preços, a cidade de São Paulo se destaca como um dos maiores centros culturais do país e um exemplo a ser seguido.


Para maiores informações, seguem os sites dos museus:
- http://www.centrocultural.sp.gov.br/index.asp
- http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/museu/
- http://masp.uol.com.br/

1 Fundação Seade. Guia Cultural do Estado de São Paulo, 2003.
2 Ingresso Museu da Língua Portuguesa
3 Frase retirada do site do Museu da Língua Portuguesa
4 http://masp.uol.com.br/sobreomasp/historico.php
5 Folder do museu

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O Espaço Cultural CPFL

Da Redação
Cultura Multimídia

  • Ambiente e Proposta
    Por: Débora Nogaroli e Tatiana Valle

O Espaço Cultural CPFL oferece gratuitamente, desde 2003, programações diárias promovendo a democratização cultural como palestras, conferências, apresentações musicais, exibições de filmes, mostras e espetáculos teatrais e de dança.

Ao entrar no Espaço, o visitante já se depara com uma pequena exposição de arte e alguns lançamentos. Mais adentro há a Galeria de Arte CPFL, com 600m², destinada a exposições e a eventos especiais; o Auditório Umuarama, que conta com um espaço de 150 lugares, equipado com um projetor para as exibições de filmes e apresentações de música erudita; o lounge, uma área multimídia; e, por fim, o Café Filosófico Bistrô que funciona de terça-feira a domingo a partir das 18 horas, e é onde acontece o Café Filosófico, as apresentações de Sarau e MPB, além de oferecer uma variedade de cafés e um cardápio variado.

Auditório Umuarama - Cia CPFL de teatro Café Filosófico Bistrô
Lounge Multimídia Galeria de Arte

A cada ano, desde a sua criação, o Espaço Cultural CPFL aborda um tema, e desse ponto sugere uma reflexão. Em 2003, o projeto discutido foi Balanço do Século XX – Paradigmas do Século XXI que atraiu um público de 23 mil pessoas. No ano seguinte, o número de visitantes aumentou para mais da metade do que o ano de estréia, 65 mil pessoas, e o projeto deste ano foi Sociedade Contemporânea - vida, perigos e oportunidades, abordando debates sobre o mundo atual visto pela economia, ciência, sociologia, filosofia e artes através de oficinas de cinema, MPB, música instrumental e música erudita contemporânea e espetáculos. O destaque deste ano foi a aula Magna ministrada por Ariano Suassuna e a mostra de cinema Retrospectiva 2003.

Em 2005 o espaço cresceu, assim como o público – que chegava a 73 mil pessoas – o Café Filosófico, desde então, pode ser acompanhado semanalmente pela TV Cultura. O projeto sugerido deste ano foi Novas identidades – a vida em transformação: conhecimento, sabedoria e felicidade que tinha como objetivo principal debater as novas descobertas da ciência e os novos caminhos da economia.

Ano passado, o tema que era A invenção do contemporâneo - conhecendo e criando novas formas de vida promovia a discussão sobre as conseqüências do mundo globalizado em cada um, refletindo sobre terrorismo, violência urbana, novos estilos, saúde, nutrição, corpo, movimento e superação dos limites. Este ano foi marcado pela estréia do Sarau de Poesia inaugurado pela neta de Vinicius de Moraes, Mariana de Moraes, e pelas atividades de dança contemporânea e de poesia. Dentre outros nomes importantes, o ano de 2006 contou com a participação de Christopher Flavin (Presidente da World Watch Institute), André Trigueiro (jornalista da GloboNews), Charles Bernstein (poeta norte-americano), Delfim Netto e Márcia Tiburi.
Neste ano de 2007 o projeto é O fim de um mundo não é o fim do mundo - Como sobreviveremos no século XXI? e aborda os problemas que afetam, ou futuramente afetarão, a vida do planeta e, conseqüentemente, a dos humanos, como as mudanças climáticas, violência, entre outros.

O Espaço Cultural CPFL se localiza em Campinas, na Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632. Mais informações no site http://www.espacoculturalcpfl.com.br/ ou pelo telefone (19) 3756-8000.


  • A Opinião do Público
    Por: Gabriela Borini e Isabelle Ribeiro

O grupo Cultura Multimídia foi averigüar a opinião do público acerca do Espaço Cultural CPFL e constatou que a iniciativa da companhia de confluir em um único lugar diversos meios culturais e sem cobrar por isso do visitante ganhou bastante aderência da população não só campineira, mas de visitantes da região.

Rosa Maria Daolio, 52, vem de Amparo pelo menos uma vez por mês para conferir a programação musical ou as sessões de cinema, além de acompanhar o Café Filosófico pela televisão com freqüência. Segundo ela, a infra-estrutura do local é excelente e os eventos são de ótima qualidade. Do mesmo modo pensa Valter Luis da Silva, 44. Visitante assíduo dos espetáculos infantis por conta da filha. Valter e sua mulher consideram ótimas as peças, mas fazem uma observação: “poderia haver uma ‘brinquedoteca’ para as crianças enquanto acontecem os eventos dos adultos, porque as crianças, geralmente, não vão entender uma discussão filosófica, por exemplo, e a gente deixa de vir mais vezes por não ter com quem deixá-las”.

A nota média dada pelo público entrevistado ao Espaço, considerando a sua infra-estrutura, a qualidade dos eventos e a variedade da programação, foi 9, numa escala de 0 a 10; isso mostra que o Espaço tem correspondido às expectativas dos visitantes, assim como afirma a colombiana Carolina Macias, de 25 anos, em sua primeira visita: “achei muito boa a qualidade desse show (fazendo referência ao show de Fred Martins, no domingo), o lugar é bonito, gostoso, amplo. Gostei bastante também da iluminação. Tudo estava ótimo”.

O Espaço tem programação diária e esse é mais um dos fatores que agradam o público, pois a não possibilidade de visita em um dia é compensada por outros seis dias de eventos variados.


  • Um Show de MPB
    Por: Gabriela Borini

O jovem compositor, cantor e instrumentista Fred Martins – vencedor do Prêmio Visa 2006, na categoria composição – deu, literalmente, um show de música brasileira em apresentação no Espaço Cultural CPFL, em Campinas, no domingo, 14.

No Café Filosófico Bistrô, um ambiente bastante aconchegante do local, o público fã de MPB pôde conferir as músicas do seu novo CD Tempo Afora. Depois de Janelas e Raro e comum, Fred traz nesse novo álbum belas canções como “Tempo Afora” – que dá o nome ao CD – e “Domingo e Feriado”, além de canções já conhecidas do público: “Novamente”, na voz de Ney Matogrosso; e “Flores”, interpretada por Zélia Duncan.

O show bastante aplaudido, ainda contou com a parceria de Chico Chagas, que, após a oportunidade dada pelo colega de palco, teve um solo e surpreendentemente tocou com um arcordeon uma música de Tom Jobim, no ritmo de um tango-balada, conforme contou o músico ao relatar de onde surgiu a idéia.

A participação de Chico Chagas, a iluminação e a acústica do ambiente, os arranjos das músicas e o talento de Fred Martins não deram margem a oposições: o show foi extremamente agradável aos olhos e ouvidos de todo público.

* Ouça um pedaço da música de Fred Martins no seu próprio Windows Media Player clicando no quadrado ao lado:




E mais: Entrevista Exclusiva!
Por: Isabelle Ribeiro e Tatiana Valle

No dia 15 de outubro aconteceu um show e noite de autógrafos com o consagrado compositor Chico César e a cantora Ana Salvagni. Juntos no palco pela primeira vez, apresentaram a junção de trabalhos distintos e independentes, mas que se afinam e se entrelaçam na musicalidade da poesia e na poética musical.

Após o evento, em entrevista exclusiva para o grupo Cultura Multimídia, Chico César fala sobre a cultura brasileira.

Grupo Cultura Multimídia: O que você acha do povo brasileiro em relação à cultura?

Chico César: O povo brasileiro é um dos maiores produtores de cultura por combinar realidades muito diversas como uma realidade rural e com uma realidade super tecnológica. Você tem São Paulo e anda um pouco e vai encontrar uma aldeia indígena ou um quilombo. Então, poucos povos do mundo têm essa diversidade e essa capacidade de produzir cultura a partir de contradições tão acirradas.

GCM: E a respeito do público, o que você acha?

CC: O público brasileiro é um dos mais ativos, mais críticos e mais participativos. É um público bastante fazedor de cultura e que consome as coisas com as quais se identifica.

GCM: Na sua opinião, o que poderia ser feito para a cultura brasileira ser mais difundida? Você acha que o povo brasileiro tem acesso a cultura ou a maioria ainda é a elite?

CC: Na verdade, eu não concordo com essa visão de que a elite é o grupo que tem mais acesso à cultura. Em qualquer lugar do Brasil que você vai, mesmo uma pessoa com uma casa muito pobre, muito simples, vai ter um santo ou imagem na parede, uma rosa arranjada de determinado jeito, uma pequena escultura. Eu acho bastante apropriada a relação que, pelo menos o povo do Brasil que eu conheço tem com os seus símbolos, com a sua iconografia.

Eu acho que poderia se fazer pela cultura tem que começar pela economia. Se você puder pagar bons salários para os pais de família, puder fornecer saúde e educação pública já é um bom começo. Transporte e segurança também, para que as pessoas possam se deslocar e ir até os lugares, isso já muda bastante. Porque a cultura não é um fato isolado. Você tem eventos como a Virada Cultural na cidade de São Paulo, a Virada Cultural no interior. Eu pude tocar em Presidente Prudente onde, inclusive, toquei “Odeio, Rodeio” e as pessoas cantaram na rua.

Então, eu vejo assim; eu acho que o povo do Brasil é muito generoso e muito aberto à cultura e uma coisa que me preocupa um pouco é que tudo vire evento. Grandes festivais, grandes mostras de teatro, grandes mostras de cinema, porque aí a coisa deixa de ser cultura e vira entretenimento. E entretenimento tanto faz, quer dizer, do mesmo jeito que você tem uma Sandy como entretenimento para uma grande massa, você tem uma Maria Rita como entretenimento para uma massa intelectual. Se a relação com o produto cultural não for uma relação crítica, vivenciada, ela é tão alienante quanto. Tanto faz você ouvir Los Hermanos quanto ouvir CPM 22. Tanto faz você ouvir Zeca Baleiro se a sua relação com aquilo é entretenimento quanto Chitãozinho e Xororó. (...) Eu acho que a gente tem que ter bastante cuidado e olhar criticamente para como nós mesmos nos relacionamos com os nossos produtos artísticos, com a nossa cultura, e se a gente não está entrando em uma lógica dos eventos, e aí você às vezes pensa: “Aquele monte de gente no museu da língua portuguesa” como será que isso está entrando na cabeça delas? Isso vai torná-las mais ativas socialmente? Ou isso é tipo um gado que vai comer um capim diferente?”

GCM: O que você acha de um Espaço como esse (Espaço Cultural CPFL) que traz desde música popular brasileira até palestras de filosofia, debates de cinema e tudo isso com entrada franca? Você conhece algum outro lugar no Brasil que tenha esse tipo de Espaço? Você já se apresentou lá?

CC: Eu tenho contato com bastante gente de fora do Brasil, artistas que vêm gravar disco, vêm fazer show no país e ficam alguns dias. São artistas que vivem na Europa e que ficam muito admirados como no Brasil tem coisa subsidiada. Você vai no Sesc e paga 5 reais, vai no Centro Cultural Vergueiro e tem gente que paga 50 centavos e tem gente que paga 13 reais. Aí os caras falam “de onde vem isso?”, “como é que tem tanta coisa de cultura e que se paga tão pouco?”. Porque às vezes a gente se olha e pensa no Brasil como um lugar atrasado, selvagem e tal. E a gente se acostumou com algumas coisas e reivindica mais. Tá certo.

Mas quem vem de fora, fica muito admirado de ter tanta coisa em que se cobra tão pouco e também coisas que são de graça mesmo. Show em parque, virada cultural. Isso não é comum no mundo. Eu passei a saber disso quando esses meus amigos comentaram. Então assim, agente tem 250 Sescs no Brasil. Se o Ministério da Cultura funcionasse como Sesc o país já seria muita coisa. Por exemplo, esses centros culturais como o Espaço Cultural CPFL, o Itaú Cultural em São Paulo. Isso começa, inclusive, com um tipo de herança paternalista, lá atrás que vem de Getúlio Vargas. Proteger e dar tratamento dentário para os trabalhadores. Aí vem alguém e fala: “E se agente criasse um grêmio recreativo, cultural, e uma bandinha, uma orquestrinha?”. Aí vira um espaço onde as pessoas se encontram.

Um dia desses, eu fui tocar perto de Florianópolis. Fui lançar o livro, era uma feira ao ar livre. Era uma cidade pequena e ficou a cidade inteira mobilizada com isso. Eu acho muito bom que as pessoas tenham acesso e que cada vez mais esse acesso possa ser um acesso crítico, dissociado do entretenimento. Porque do entretenimento ao lazer e do lazer à alienação são pequenos passos que a gente dá sem sentir. E poxa, é um espaço maravilhoso que você pode vir com as crianças. A gente vê que as pessoas gostam tanto que fica gente pra fora. E nessa hora dá pena, sabe? Aí tem que ficar vendo ali pelo telão. Não tem outro jeito, né?

Então, o único jeito é ter mais espaços, mais coisas acontecendo pra que as pessoas possam se espalhar e falar “puxa, mas no mesmo dia vai ter Tom Zé, Arnaldo Antunes e Paulinho Mosca”. Será que Campinas suporta isso? Claro que suporta. Você perde o Tom Zé e o Paulinho Mosca hoje, mas vê o Arnaldo Antunes. Depois, quando eles voltarem, você troca e vai poder encontrar depois no bar. As pessoas vão se encontrar, aqueles que forem nesse ou naquele vão comentar e trocar experiências da visão de como elas viveram aquilo.

Eu acho que é preciso criar cada vez mais esse tipo de aparelho, de instrumento, de equipamento. É muito importante uma cidade ter isso. À medida que as cidades perderam os cinemas. Agora os cinemas são nos shoppings por causa da questão da segurança. As livrarias foram quase todas pros shoppings. Você não tem mais livrarias de pé de calçada, com o dono lá, onde você conhece seus clientes. Hoje é mais impessoal. Eu sinto falta disso, porque eu trabalhei em livraria que era também loja de discos e na minha cidade também tinha um cinema que foi fechado. Assim como no Brasil inteiro, cinemas foram fechados e foram para os shoppings.

GCM: Então, qual seria uma solução para isso? Fazer pequenos núcleos em vez de grandes shows , talvez pequenas coisas?

CC: Eu acho que o ideal seria associar cultura como uma coisa do cotidiano. Por exemplo, na Virada Cultural você faz só o show. Você traz a Mônica Salmaso e a leva para o interior. Isso por si só não resolve. Agora se você juntar com a educação... a professora de artes nas escolas mostra o disco da Mônica Salmaso na aula, os estudantes de teatro dramatizam alguma música dela, os alunos de matemática discutem, sei lá, quantas pessoas... se você coloca esses números, esses dados no cotidiano das pessoas. Não adianta só fazer o evento, isso não facilita a compreensão. Mesmo pra quem gosta, porque música, cultura, às vezes, a pessoa nem conhece, então a pessoa só conhece um tipo de coisa, sei lá Sula Miranda. Não adianta levar Mônica Salmaso... mas se antes mostra na escola, se a TV local passa um especial desse artista... quando a pessoa chegar lá vai encontrar um público crítico porque uns vão gostar mais e outros menos. Mas eu acho que assim... fazer é melhor do que não fazer... o importante é avançar e fazer algo mais crítico, que tirem as pessoas da condição de consumidores. Não adianta você ter uma revista como “raça”, que tem os pretos como consumidores de um tipo de xampu... “pô” você tem que ver o cara como um cidadão. É bom para quem fabrica o xampu, mas acho que isso não cria cidadania, você cria consumo, que é a lógica do sistema... você ter consumidores não críticos porque o consumidor crítico é cidadão e vai questionar e levar esse questionamento para outras áreas da vida dele, não só daquilo especificamente.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

16º Festival Internacional de Arte Eletrônica SESC Videobrasil

Por: Gabriela Borini

Neste último domingo começou o 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica (Videobrasil) no SESC. Trata-se de um evento que busca aproximar, de diversas formas, arte, cinema e vídeo. As 66 obras de artistas de países da América Latina, Europa, Oceania, África e Ásia poderão ser vistas no SESC Paulista e no CineSESC Augusta até 25 de outubro.

A principal atração do evento é a mostra Panoramas do Sul, formada por três eixos: Estado da Arte, composto por obras de artistas consagrados; Investigações Contemporâneas, dedicado a processos de pesquisas contemporâneos; e Novos Vetores, que divulga trabalhos de jovens artistas. O ganhador de cada eixo receberá um prêmio de aquisição no valor de R$ 8 mil reais.
O júri é composto por um diretor de uma empresa de mídia australiano, um videasta e crítico de cinema da França, um cineasta da Tanzânia, uma pesquisadora de arte e mídia espanhola e uma doutora de artes visuais brasileira. Caberá a eles homenagear com três prêmios de incentivo a obras que considerarem dignas de menções honrosas. A premiação está prevista para acontecer no dia 7 de outubro.

Também merecem destaque as seções Encontros do Sul e Seminário Videobrasil. Ambas tratam de debates entre pesquisadores, curadores e artistas, porém a primeira discute alternativas de distribuição, exibição e intercâmbio artístico no circuito sul e a segunda aborda as relações estruturais entre imagens e meios multimídia.

O tema desta 16ª edição do festival, “Limite: Movimentação de imagem e muita estranheza”, foi inspirado no filme “Limite”, de Mário Peixoto. O evento é exibe – em um espaço de quatro andares – a continuidade de uma pesquisa sobre a linguagem videográfica contemporânea.


Saiba mais nos links:

VMB 2007

Por: Tatiana Valle

Na última quarta-feira, dia 27 de setembro, ocorreu a 13ª edição do Video Music Brasil (VMB). Neste ano, a premiação começou com meia hora de atraso, por que o penúltimo capítulo da novela “Paraíso Tropical” terminou mais tarde.


O VMB é o mais importante evento realizado pela MTV Brasil e é uma das principais premiações da música brasileira. Na edição desse ano as categorias sofreram transformações nos critérios de avaliação, com objetivo de prestigiar os artistas e as músicas. Os vencedores são escolhidos através da média do voto popular na intenet e de um júri especializado.

Os indicados de cada categoria e os vencedores são anunciados pelo mestre-de-cerimônias, que neste ano foi a apresentadora Daniella Cicarelli, e por outros convidados. Também há shows musicais.

Neste ano o evento contou com a presença do senador Eduardo Suplicy, da turma do Pânico, de artistas e cantores brasileiros e do show surpresa da internacional Juliette Lewis.

Categorias e Vencedores:


· Artista do ano – NXZero
· Hit do ano – “Razões e Emoções” do NXZero
· Clipe do ano – “Na sua estante” da Pitty
· Banda dos Sonhos – Pitty (vocalista), Japinha (bateria – CPM22), Champignon (baixo – Revolucionários), Fabrício Martinelli (guitarra - Hateen)
· Show do ano – Cachorro Grande
· Revelação – Fresno
· Aposta MTV – Strike
· Web hit – “Vai tomar no c*”
· Artista internacional do ano – Red Hot Chili Peppers



Festival "Solitude" reúne divas modernas em São Paulo

Por: Isabelle Ribeiro

No cenário internacional vozes femininas investem sem medo no que há de moderno (união da música erudita e eletrônica). Esse novo estilo chega ao Brasil nas vozes de Joanna Newson, Wendy Mcneill, Niobe e Juana Molina.

A apresentação, que faz parte do festival “Solitude”, trará nesta quarta-feira (3) a americana Joanna Newson e a canadense Wendy Mcneill. Essa noite será marcada pela turma do neofolk com a californiana Joanna Newson. Harpista e pianista, a moça empresta sua bela voz à músicas suaves, que lembram canções de ninar. Suas letras passam sentimentos escapistas que falam sobre fantasias e fábulas.

Já na quinta-feira (4) é a vez da argentina Juana Molina e da alemã Niobe. Será dedicado à música eletrônica. Da alemã Niobe o público pode esperar um show mais dançante, que chega a lembrar os britânicos do Moloko de Roisin Murphy. A portenha Juana Molina, última atração do “Solitude”, é uma espécie de “Björk latina”.Além de cantar, a moça escreve e mixa suas canções.

O evento é uma boa pedida para quem não conseguiu ingresso para o Tim Festival. Joanna Newson já tocou com a americana Cat Power – uma das atrações da concorrida noite do Tim – e o trio Niobe, Juana Molina e Wendy Mcneill não deixa nada a desejar em relação à canadense Feist e às brasileiras Cibelle e Kátia B, que vão estar no Tim Festival e completam esse “grupo” das “novas divas”.


Festival Solitude
Onde:
Sesc Santana (av. Luiz Dumont Villares, 579, Santana, tel.: -11-6871-8700)
Quanto: de R$ 6 a R$ 25
Quando: quarta (3), às 21h, com Joanna Newson e Wendy Mcneill (ingressos esgotados) e quinta (4), às 21h, com Juana Molina e Niobe.


A equipe de Blindness está em São Paulo para as gravações do longa.

Por: Debora Nogaroli

Os atores Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover e o diretor brasileiro Fernando Meirelles desembarcaram em São Paulo para a filmagem do longa-metragem Blindness. O filme é baseado no livro “Ensaio Sobre a Cegueira”, do escritor português José Saramago, em que uma cidade é infectada por uma cegueira desconhecida.

A equipe já havia passado por outros pontos da América: Montevidéu, Uruguai e arredores de Toronto e Guelph no Canadá. Em São Paulo, os locais escolhidos foram os bairros Higienópolis e Brooklin, a Marginal Pinheiros e a Rua Funchal, na Vila Olímpia. Com tantas viagens o custo do filme chega a, mais ou menos, 20 milhões de reais.

Para as filmagens foram necessários a substituição de algumas placas escritas em português para a língua inglesa, papéis picotados nas ruas e cerca de 300 figurantes treinados em oficinas gerenciadas pelo preparador de atores Chris Duvenport para evitar “zumbis” andando por trás das cenas. As sequüencias foram gravadas no dia 30 de setembro em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo. O mais difícil para a equipe foi o calor que fazia durante as gravações e os curiosos que se aglomeravam perto do local interditado pela prefeitura.

O filme ainda conta com a presença de Gael García Bernal, “Diários de Motocicleta” (2004) e “Babel” (2007) , e tem estréia prevista para o ano que vem.

Blog Diário de Blindness: http://blogdeblindness.blogspot.com/


Saiba mais: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2007/09/28/ult4332u448.jhtm e http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u329038.shtml

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

13ª Bienal Internacional do Rio

Por: Tatiana Valle


No último domingo – dia 23 – foi encerrada a 13ª edição da Bienal Internacional do Rio de Janeiro, que durou 10 dias e recebeu visitas de escolas de todo o Estado e também do público tradicional, batendo o recorde de público e de venda de livros para estudantes. Alcançando um público de 472 mil pessoas, cerca de 83% desses compraram livros.


Entre 40 atrações, como debates, conversas, encontros e sessões de autógrafos, 345 escritores participaram do evento. Este ano, a bienal também contou com o show do Paralamas do Sucesso, e fez homenagens à Ariano Suassuana e Gabriel García Márquez.


O organizador do evento, Paulo Rocco, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), declarou-se satisfeito e surpreso com os resultados. Segundo ele, a única reclamação recebida foi o aumento do preço do ingresso, que antes custava R$ 8,00 e esse ano custou R$ 10,00, pois além da entrada, ainda era preciso pagar o estacionamento que também custava R$ 10,00.

Notícia Completa: